Irmão mais despojado do restaurante Angatu, referência gastronômica de Tiradentes, o AngaBar não foge à missão de surpreender os sentidos dos visitantes, seja pela apresentação, seja pelo paladar. Com o propósito de unir a arte dos aperitivos (tapas) à coquetelaria criativa, tanto o menu quanto a carta de drinks são um convite intrigante para uma viagem de sabores e texturas.
São treze opções de petiscos, três de sandubas e três sobremesas, além da chance de fechar um pacote de menu degustação, com sete escolhas de comes e três de cocktails. Cada item da lista tem seu apelo, e confesso que até para uma seleção de sete é difícil fazer concessões. O bom é que são porções na medida certa para compartilhar entre um casal ou pequeno grupo de amigos e assim reservar espaço para mais duas ou três rodadas, sendo possível conhecer, pelo menos, um terço do portfólio. Fui dois dias seguidos, pois gostei muito do que provei, e o gostinho de quero mais clamava por ser satisfeito!
Eis o roteiro de minha aventura pelo cardápio do AngaBar:
Fígado com jiló glaciados no tamarindo e samantilha: prato típico mineiro, aqui o fígado lembrou demais queijo. E isso conversou bem com o tamarindo. Para completar, o amargor do jiló estava domado na medida.
Tiradito de tilápia defumada, shrub de gengibre, castanha de baru, picles e nori: senti falta do defumado. Realmente não consegui captar esse dado. Também preferiria que fosse um peixe de carne mais tenra, até por conta da presença do baru, que é uma castanha mais dura. O gengibre ficou muito bem inserido.
Queijo coalho, melado, bacon defumado e agrião: o queijo era de excelente qualidade, o bacon em fatias eu trocaria por moído, pois fica mais fácil de integrá-lo ao queijo na hora de levar à boca. Já o agrião, no paladar, foi imperceptível, e no visual, praticamente não existia. Só consegui avistar uns fragmentos misturados ao melado. Seria interessante senti-lo mais presente.
Ragu de pernil, cebola assada, picles de maçã na broa de canjica: aqui a sacada é comer de uma vez só. Encher a boca mesmo. Aí sim é possível sentir tudo em harmonia. A canjica no lugar do milho tradicional fez com que a broa ficasse mais leve, tanto no sabor quanto na consistência, mais aerado. Isso permite que absorva melhor a umidade dos acompanhamentos e, na mastigação, misture-se melhor a eles. Um dos que eu mais gostei!
Croqueta de peito de Angus, pistache com maionese defumada e pequi: acho que deveriam trocar de lugar o pistache e a maionese, porque a oleaginosa aqui não aparece, a não ser que esteja moída e integrada ao molho. Até porque seu sabor é, de fato, delicado, e passa batido mais ainda se não estiver em sua forma natural. De qualquer modo, tudo funcionou muito bem: a croqueta é fartamente recheada com a carne desfiada. O mínimo necessário de farinha. Já o pequi foi quem garantiu o fator supresa, mostrando-se exótico sem destoar. Também um dos favoritos.
Língua glaçada, amendoim e alho poró: proteína clássica nos botequins, a língua, merecidamente, ganhou uma atenção especial e teve sua versatilidade comprovada pela conversa bem-sucedida com o dulçor e a crocância. Aqui deu para sentir a contribuição do alho poró, um coringa. Elejo esse um dos melhores.
Por último mais não menos importante, devo mencionar que, ademais do ambiente agradável, uma atração à parte é a simpatia dos funcionários. Os rapazes, Fernando, Igor e Luiz, todos muito atenciosos. Também tivemos o prazer de conhecer a comandante da cozinha, Uyara Baeta, e parabenizá-la pessoalmente pelo belo e delicioso trabalho.
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