Excelente
Entretanto, durante muito tempo, a alimentação e as práticas culinárias
constituíram-se em espaços privilegiados de estudos da Antropologia e dos
antropólogos. As portas começaram a ser abertas para a historiografia com a
divulgação de duas obras pioneiras: A fisiologia do gosto, de Brillat-Savarin,
escrita em 1825, que trata do homem e da comida, pois não se constitui num
livro de culinária, mas sim de gastronomia; e o trabalho do botânico polonês
Adam Maurizio, intitulado História da alimentação vegetal da pré-história aos
nossos dias, publicado em Paris em 1932, no qual o autor procurou estabelecer
um elo entre a história dos vegetais e a história das civilizações. A tese de E.
Labrousse sobre o movimento da produção e a curva de preços na França ao
longo do século XVIII (com base nas mercuriales) foi pioneira, no campo da
História Econômica e Social, ao revelar a questão da penúria e da carestia
dos preços do trigo e de outros cereais, crise esta que veio somar-se a outras
crises de natureza política, social e institucional cujo conjunto contribuiu para
a eclosão da Revolução Francesa. Portanto, além das peripécias dos Estados
Gerais na França, a baixa oferta de cereais e a conseqüente elevação dos preços
do trigo foram reveladores da explosão revolucionária de 1789, que derrubou
o Antigo Regime. Entretanto, foi com F. Braudel, herdeiro de Febvre e Bloch,
por meio dos conceitos de cultura material, que a História da Alimentação
ganhou fisionomia definitiva no campo da pesquisa histórica. Inspirado nos
textos de Lucien Febvre sobre a distribuição regional das gorduras e nos fundos
de cozinha, Braudel, como o maior representante da segunda geração dos
Annales, trabalhou o conceito de cultura material abrangendo os aspectos mais
imediatos da sobrevivência humana: a comida, a habitação e o vestuário.
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